quinta-feira, 20 de novembro de 2014
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
dia adjetivo
BB: umdiadecadavezumdiadecadavezumdiadecadavezumdiadecadavezumdiadecadavezuhcunkndckdnsuidciudcuumdiadecadavez
TT: Assim
não dá. Deleite-se na vírgula, descanse no ponto e acorde com um bom parágrafo.
Maneire nos travessões, hein?1
BB: Assim
não dá! Deixei para lá os travessões, vou atrás das travessias. Sobre as
vírgulas, elas não separam sujeito de predicado, então prometo abusar dos
pontos, mas os finais... Os de exclamação, por ora, não vão ajudar
muito. Os de interrogação são inevitáveis. Hunf, nos parágrafos, pretendo deixar
um bom espaço antes de começar a escrever, ajuda na estética, logo, na organização.
Mas a coerência, ah, a coerência não vale nada sem a coesão (essa está
difícil de encontrar)!
TT: Vejo que
os calorosos sinais brotaram gentilmente de sua morada, esta noite dormirás
acordada. Dentre todos os pontos e acentos acolhidos num momento, até mesmo dos
parênteses que sem o chamado nos visitam, sinto falta de um danado, o hífen.
Talvez falte um pouco de trema. Ô, vida craseada.
BB: É, o
hífen e o trema andam caindo por aí. A gente que se cuide nessa cadência. E aprenda a ser cada vez mais agudo, mais metáfora e polissemia...... Não vamos falar da subordinação das orações, porque não quero entrar no mérito
religioso rsrsrs
Alergia a condições
Acordei com uma incômoda coceira
precedida de uma marca branca e dolorida. Depois de dez anos, alguns mil reais,
discussões, momentos descontraídos, boas refeições e viagens, lá estava eu com
aquela coceira no dedo anular da mão esquerda. Anular será o nome por ser um
dedo nulo, sem importância e mérito? Se assim fosse, marcas não ficariam.
Bem sei que, quando se diz o “sim”,
declara-se o eterno. E pode ser que já não se divida mais a mesma cama nem os
roncos noturnos. Pode ser que já não morem sob o mesmo teto nem tenham as
mesmas divergências nem procurem encontrar-se no mesmo tempo. Mas, a marca de
sol e a marca na vida permanecem.
Foi após uma overdose de lugares e de pessoas
inéditas que o relacionamento deu-se por findo. E finito não eram aquelas
lembranças. Pude experimentar, em matrimônio, o suor de muitas criaturas
interessantes.
A sola dos meus sapatos suplicava por não
mais ser aberta. Eu não resistia e abria. E também abria a mim. Apetece-me
conhecer as pessoas a tal ponto de saber se elas existem de fato, se possuem
marcas ou se não se importam com isso.
Contanto, sempre tive a companhia
preferida e então uma angústia de querer pertencê-la. Todos temos. E busquei
por diversas vezes aguardá-la sorrateiro num canto do balcão, ou do
restaurante. Ou da estrada, ou da vida. Fazia por merecer.
Nunca fui homem de um corpo, aliás, nunca
foi homem de nada. Queria engolir o mundo e encontrar partes perdidas, prestes
a caberem. E numa dessas a conheci. Estabelecemos um relacionamento diferente e
feliz, mas só a princípio. Queríamos nossas liberdades individuais garantidas,
pretendíamos não nos prender um ao outro somente. E então acabamos enjaulados
numa caixa de sapatos do centro, sem elevador.
Demoramos muito tempo para nos conformar
com o nosso inconformismo. Quando aceitamos, revimos todos os fatos. E lá
estava ela, a escondida e esperta monogamia. E que palavra mais feia, soa
repetitiva, lembra monótono ou monotônico. Ao debruçarmo-nos no passado,
pudemos notar nossa irracionalidade humana em subestimar nosso instinto animal.
Sempre mantive relação com várias pessoas
distintas, achava necessário trocar assim, dava-me o direito e o luxo de me
cercar vez ou outra com doses mais caprichadas de alguém, mas não tinha
necessidade de criar condições e entrar nas convenções sociais.
Era importante para ela que recebesse o
anel de preferida. Tudo bem se eu tivesse outras experiências e continuasse
peregrinando com minhas vontades em chamas, mas ela precisava garantir-se
eminente e superior. É triste que tenha demorado tanto para entender que só
seria superior se pertencesse mais a si própria que a mim. E então, a marca
branca no dedo ainda me lembra seus trejeitos, mas à ela só lembra minha
facilidade de possuí-la e fazê-la uma parte, preferida, mas parte.
Eu avisei que não saberia conquistá-la
diariamente, que era melhor que não se infiltrar demais na minha cadeia, pois
eu já era preso demais à minha liberdade.
- empoeirado (2012)
Não é preciso ver para crer
É de praxe cruzarmos com muitas
pessoas pelas ruas, a todo momento. Basta sair de casa para sentir na pele, ou
melhor, não sentir, a constância com que passamos por cidadãos. Apenas passar,
atribuindo naturalidade a esse encontro de corpos num espaço não determinado
previamente, traz a origem do problema de invisibilidade social.
Essa não visão do outro é
problemática, uma vez que é conferida à população por meio dos padrões de
consumo e situação social em que se encontram. A maioria das relações sociais é
pautada pelo material, ou seja, pelo o quê e quanto se possui. Conhecemos e
interagimos com alguém por meio dos mecanismos de conveniência que ambas as
partes podem proporcionar.
A fim de melhor exemplificar,
recorremos aos garis, borracheiros, pedreiros, faxineiras, cobradores, entre
outros prestadores de serviços específicos que têm grande parcela na estrutura
da civilização e garantem a pirâmide em seu “devido” lugar, como ditam as
preferências burguesas (médias e altas).
Muitos são os transeuntes que não
percebem a presença sutil do outro em seu lugar de trabalho, ou até de moradia,
como é o caso dos mendigos. Por não
haver necessidade de se encarar, ou de conversar para resolver pendências,
tornamos os inferiores economicamente menos importantes.
Nesse aspecto reside um grande
erro da modernidade, pois são por esses serviços básicos e que quase sempre
exigem uniformes particulares e evidentes, que a civilização possui dinamismo e
caminha para eficiência nos serviços “discretos”.
Com destino traçado, atraso e
correria, as pessoas passam pelos pedintes e trabalhadores e os encaram como
parte da paisagem e da urbanização. Reivindicamos melhores direitos, moradias,
impostos e até reclamamos desses fatores “feios” sujando as metrópoles. No
entanto, poucos recorrem às instituições responsáveis a fim de alterarem essas
condições. Até porque o pensamento forte dita: não me diz respeito, não me
interessa.
O ser humano só é socialmente
aceito se criar vínculos, se formar relações e graus de subordinação,
principalmente econômica (socioeconômica). A partir daí que se montam as
classes. Geralmente, quem está embaixo na escala, está tendo que trabalhar
muito para se sustentar e não sobra disposição ou tempo para se preocupar com
qualquer classificação.
Infelizmente, pensa-se demais para dentro.
Externamente, enxergamos apenas os apelos promocionais e de publicidade.
Passa-se uma cidade de geração em geração e o comodismo é tanto dentro das
camadas que só vemos quando queremos ou somos solicitados. Para crer, só é
preciso existir e andar alguns quarteirões.
Há indiferença em muitos setores.
Vê-se mais a função exercida pelo indivíduo (quando vê) que a sua
personalidade. É como submetermos pessoa à máquina. Experimente tirar os
lixeiros e as faxineiras de circulação por aproximadamente um mês e se notará a
diferença, a participação marcante desses grupos considerados “menores”, mas
que tanto influenciam no funcionamento da sociedade atual e preconceituosa.
- empoeirado (2012)
É que nós...
Resposta ao texto: Equinócio, de Carolina Sanches
Sempre: deve ser um exercício que não existe. Mas, constantemente, que possamos rasgar o
perigo e acelerar o coração. Temos anseio. Nós, atadas. Teimo por ter conhecido
essa escrava da adrenalina, por soltar meus olhos, por me colocar debaixo das
asas, que não servem só para voar – protegem do frio.
Nós mesmos somos os processos, não estar junto nunca foi fato. A gente acredita
no tempo, mas não controlamos as mudanças, as pausas, os assentamentos.
Controlamos as tempestades para existir algo.
Língua: existe só, na nossa saudade. Às vezes estamos, noutras, silenciamos.
Nosso descontrole é a própria memória da vida, nas mãos. Também faz parte todo
esse egoísmo do esquecimento. Lamento. A pureza de sobressair à dificuldade.
Deixar os contratempos abaixar toda essa sujeira abaixo dos pés, dos olhos.
Nunca sei dizer e peno, por ora, em escrever. É impossível subir no trem,
sentar em um lugar, em seguida descer e, rapidamente, subir no mesmo vagão. Os
poetas, bem como os vagões, mudam seus destinos, mas, em movimento, não deixam
de ser eles mesmos.
Clareza é valiosa na dificuldade de amadurecer. Só quem passa pelo fulgor pode
reconhecer e chegar com plenitude.
Estou confusa, mas fiquei. Porque em mim está acordada a noite, o calor. Tenho
medo de somente estar nas coisas em vez de ser. Agir. Reagir.
O destino é o próprio caminho. É ir. Prosseguir. Tentar perceber os motivos,
que encontraremos no decorrer de cada viagem. Continuar.
Sim, precisamos ter desobediência.
O que está vivo no encontro das línguas não deve ser contido.
Pelos dias claros, a essência e os odores verdadeiros:
quero o mais profundo. O toque. O mais intenso. A respiração. O que anda
guardado. O suspiro. As lágrimas. Todo mar que já foi navegado. O desconhecido.
O velho. O que ainda não cessei.
Nunca é igual. Devemos buscar alicerces, porque juntas a estrutura não se
desconstrói sozinha. Nunca vai ser igual.
Cortam os troncos, talham as árvores. Para tanto, o zelo precisa continuar
vivo. Nas raízes está o cuidado.
Isso é fado.
Nunca nos apagaremos. Mas, a cada estrela não acesa, perdemos a tentativa.
Tentar é fôlego, é força. Portanto, estamos perto de uma vontade e não
precisamos forçar a resposta, a explicação. Sentir, neste momento, é querer...
Tentar.
Sei que preciso moldar muitas formas que busquei me modificar. Creio que
esculpir seja um eterno ofício da vida: lixar, rodar, tatear, equilibrar. É
preciso adentrar as coisas escavadas. Esculpir o rio, a pedra, a estrutura, o
eu.
Adentrar o oco. Interiorizar as texturas.
Estamos insuficientemente envergadas, hastes que precisam de qualquer brisa.
Sempre nos ritmos delas. Ainda que eu não dance, nem balance... Sinto.
B.B.
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